André Sugai
Pintar muros e paredes não é coisa criada na Idade. Contemporânea. Desde a Pré-História os homens já deixavam os seus registros nas cavernas. Mas a arte urbana, ou street art, se fortaleceu no underground de Nova York nos anos 70 como uma forma de manifestação artística em espaços públicos. Com o tempo, o movimento foi sendo reconhecido como arte e se dividindo em várias modalidades. Uma das mais representativas expressões dessa arte urbana é o grafite. No Brasil ele tem como berço a cidade de São Paulo. Indo muito além da inspiração norte-americana, os artistas locais deram seu toque especial, desenvolvendo um estilo próprio. Hoje o grafite brasileiro é considerado um dos melhores do mundo. Quem visitou a exposição “A ópera da Lua” na Galeria Fortes Vilaça, em São Paulo, teve a dimensão do sucesso e do reconhecimento conquistado pela dupla de irmãos e grafiteiros os gêmeos. A exibição que atraiu 56 mil visitantes entre julho e agosto do ano passado é uma forte demonstração do prestígio alcançado por essa expressão artística que ganhou as galerias do mundo, mas ainda tem os espaços públicos como seu palco principal. São nomes famosos também na cena do grafite brasileiro Zezão, Binho Ribeiro, Kobra, Alex Senna, Nunca, Crânio, Speto, Tikka, Magrela, Nina Pandolpho, Veronica Amores e Anarkia Boladona. O grafite ganhou até uma data especial, o Dia do Grafite, comemorado em 27 de março em homenagem a Alex Vallauri, um dos precursores da arte de rua no país. Mas e antes, como era visto o grafite nos seus primeiros anos de aparição em solo brasileiro? Quem conta essa história é o artista plástico, ativista cultural e professor Rui Amaral, outro grande nome e um dos pioneiros do grafite em São Paulo. Nesta entrevista, recheada de passagens interessantíssimas, Rui fala também de sua trajetória, de como era grafitar tendo de driblar a polícia na época da ditadura e dos planos para o futuro.
